terça-feira, 14 de agosto de 2012

Lei de Beckham

O Globo

   O meia inglês David Beckham, em 2007, transferiu-se do Real Madri-ESP para o Los Angeles Galaxy dos EUA. O clube norte-americano tentou a contratação do jogador um ano atrás, e se esbarrou no estatuto do campeonato americano de futebol,  Designated Player Rule.
   Sabendo que o futebol, chamado de “soccer” no Tio Sam, não dispõe de tantos investidores como no basquete, baseball ou futebol americano, o estatuto da Major League Soccer (MLS) estabelecia um teto salarial para as equipes se susterem. Estádios vazios e poucas transmissões televisivas fizeram a liga americana rever seu posicionamento após a primeira temporada da principal divisão: instituiu-se, então, a Série Mundial. Desde 2005, no período de pré-temporada do Velho Continente, clubes europeus do alto quilate, são convidados a realizarem uma série de amistosos com os clubes da Major League . Todavia isso não rendeu o esperado. Pretendendo estabelecer uma grande expansão midiática, a diretoria da liga alterou o estatuto financeiro do torneio e promulgou a Lei de Beckham, Beckham’s Law. Nela, cada clube poderia ter em seu elenco, em 2007, apenas um atleta com salário astronômico. Já em 2010, as agremiações podiam adquirir até três atletas acima do teto, porém pelo terceiro, pagariam multa. O primeiro dos Jogadores Designados foi o meia inglês homônimo à lei. Firmou um contrato de 5 anos e recebendo 250 milhões na equipe de LA.
    Ao contrário da MLS, a CBF não estabelece limite de valores salariais e de premiações feitas pelos clubes. Sabemos que jogadores de países vizinhos, quando são adquiridos pelas nossas equipes, têm os seus salários triplicados. E imagine os rendimentos dos “badalados” que já atuam por aqui. A cada ano, as bonificações por vitória ou por objetivo são sempre aumentadas. Diante disso, as sérias agremiações esportivas esforçam-se ao máximo para cumprir seus compromissos: realizam empréstimos, vendem jogadores, terceirizam suas categorias de base. As pequenas, sobretudo, do Centro-Oeste e Norte-Nordeste do país, ficam impedidas de crescerem. Ficam reféns de motins de jogadores. Estas, certamente, fecharão suas portas brevemente.
    Atualmente, a televisão injetou pesados subsídios no futebol. As receitas de alguns clubes estão abarrotadas de divisas. Mas isso é uma efemeridade. Devido à concorrência entre clubes no nosso país, o nosso campeonato, num futuro próximo, terá somente clubes dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (alguns de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul). Por fim, o Brasileirão atingirá um nível financeiro insustentável para as milionárias agremiações e assim, teremos o fim de todas elas.
   Ainda é possível estabelecer limites salariais em nosso futebol?

Colunista: Pedro Silveira

Twitter: @PedroSilveira7

Fonte: http://www.futebolfinance.com/a-lei-beckham-na-mls

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